quarta-feira, 28 de abril de 2010

Então, qual mulher você vai ser?

Aproveitando o clima de Dia das Mães que está por vir, farei um post baseado nas mulheres representadas pela mídia.

Os tipos são diversos. Temos a ”mulher Veja” que era neurótica por limpeza até conhecer o produto; a “mulher Veet”, jovem, bonita, que trabalha, se diverte e nunca se esquece da depilação (e se caso esquece, sempre tem Veet à bolsa); a “mulher Rexona”, que, por mais que possua uma vida de heroína do cinema (corra, enfrente perigos, trabalhe, etc) está sempre com as axilas sequinhas e protegidas e, finalmente, as minhas escolhidas, a “mãe Knor” e a “mãe Renner”.

A “mãe Knor”, já interpretada por figuras ilustres como Marieta Severo, cuida da casa, dos filhos e, muitas vezes, até dos netos, comanda a empregada e cozinha uma refeição nutritiva e saudável para família (obviamente, temperada com Caldo Knor). Ela é simpática, atenciosa e conversa com a câmera como se desse conselhos a uma amiga de longa data.

A “mãe Renner” me chega todo ano por correio, exibindo seus novos estilos em um folder, caso eu a tenha perdido nos comerciais da TV. A “mãe Renner” é diferente, é multifária. A “mãe Renner” pode ser esportista ou romântica, pode ser clássica ou moderna. Ela tem um pouco de você, um pouco de mim, um pouco da moça do xerox, um pouco daquela tia doidona que mistura estampas, um pouco da mocinha da novela, enfim, um pouco de toda e qualquer mulher.

Independente do estilo que apareça, ela está sempre na moda. A moda dela, à maneira dela, a moda feita para ela. Com grandes óculos escuros e cabelos ao vento, impulsionando o que há de “femme fatale” em nós, simples espectadoras, ou com batinhas floridas e rendas que despertam nosso lado meigo e frágil, elas estão lá, estampadas, para nos dar a falsa sensação de que certamente ficaremos como elas ao comprarmos as roupas e acessórios. Ledo engano, pois, atrás daquela máscara de “mãe”, as mulheres reais debaixo das produções são modelos, pagas para serem bonitas e que, provavelmente, nunca nem chegaram perto de fraldas ou mamadeiras.

Completamente paradoxais são as mães Knor e Renner. Uma habita o mundo real e utiliza suas imagens de mãe, mulher e atriz consolidadas, para transmitir um discurso simples e cotidiano. As outras, as várias mães Renner, nos exibem a realidade que poucas têm e que muitas (ou todas) as mães queriam ter. A realidade de ser boa mãe e ter tempo – e dinheiro – para estar na moda, se cuidar, estar com cabelos e unhas feitos e brilhantes e aquele visual sempre “ready to go”, “acabei-de-sair-do-salão-e-estou-pronta-para-qualquer-ocasião”.

A “mãe Renner” muito dialoga com a “mulher Rexona”, pois, ambas têm vidas atarefadas de mãe, mulher e profissional, mas estão sempre com a aparência impecável.

Bem, acessível ou não, “compre” o seu sonho e invista nele. Contar com a natureza também é importante, pois, a minha mãe consegue mesclar as mães Knor e Renner sem ter que gastar horas (e fortunas) em um salão de beleza ou trocando o guarda-roupa.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Qual a relevância?

Ontem, em pleno domingo, estava eu a corrigir a Monografia para entregar hoje, segunda-feira. Uma cópia para a orientadora "comunitária", como costumo brincar, e outra para o primeiro parecerista, possível futuro orientador.

Revisadas, impressas e encadernadas, lá se foram elas, as cópias. Dois exemplares de minha filha em gestação. Minha cara Monografia, consumidora de grande parte do meu tempo, dedicação e inspiração.

Interessante como nutro por ela um sentimento realmente materno, como quem cria, corrige e direciona para o melhor caminho um filho, para que possa vê-lo florescer. Assim ela vai encorpando, amadurecendo, crescendo, e com ela, as minhas expectativas de ver o seu resultado final.

Como ficará ela após um ano e meio de evolução? Agradará a mim e àqueles que a observaram progredir e que por ela torceram? Espero que sim.

Parte do que tive que complementar ontem foi a Justificativa. Pediram-me para explicar e explicitar melhor o "porquê de existir", se assim posso dizer, de minha filha. Precisava criar meios de dizer qual a sua importância para a Sociedade, Comunidade Acadêmica e, ironicamente, para mim. Tarefa árdua mas que encarei com seriedade.

Penso e escrevo algo suficientemente convincente para explicar sua relevância para os 2 primeiros grupos citados e descanso os dedos no teclado, batucando delicadamente. Ponho-me a ponderar: "e para mim?". Como traduzir para outros, de forma coerente, racional, justificada e acadêmica o valor que minha criação tem para mim?

Bem, como dizem amplamente na linguagem popular, não existem mães com filhos feios, mas também sei que não é esse tipo de valoração que me pedem no momento. Apenas preciso justificar para a banca examinadora e demais leitores, qual a validade de minha cria.

Decido ater-me ao básico, afinal, quem fala pouco, não comete muitos erros. Eis o resultado:

"A relevância desta pesquisa para os autores e para a comunidade acadêmica se encontra na atualidade do tema, que estuda o padrão de beleza contemporâneo e as propagandas dissidentes a ele, que foram produzidas nos últimos cinco anos e ainda estão sendo trabalhadas midiaticamente. Além disso, o presente estudo possibilita a leitura e releitura de autores importantes para o campo da Comunicação que já foram previamente abordados ou citados em várias das disciplinas do curso vigente, proporcionando maior imersão nos conteúdos, além de possibilitar o inter-relacionamento e cruzamento das disciplinas de Comunicação com um pouco de Sociologia e de Psicologia. É um tema bastante em voga e de fácil comprovação para qualquer pessoa que venha a ler sobre ele.

Quanto a sua relevância para a Sociedade, podemos dizer que se aplica tanto para as áreas comunicacionais quanto sociológicas, como citado acima, pois abre espaço para discussão sobre o modo como recebemos e aceitamos os produtos midiáticos que nos são transmitidos, sobre como os discursos incutidos nestes se modificam ao passar do tempo, qual a intenção destes novos discursos, se são eficazes ou não e se possuem influência real em nossos comportamentos e preferências de consumo."